quarta-feira, 28 de abril de 2010

Aliado a Cielo, técnico encara o desafio de recuperar a tradição da natação do Fla

A julgar pelos diversos telefonemas e e-mails de nadadores que tem recebido desde que aceitou a proposta de comandar a natação do Flamengo, o técnico Marco Veiga promete ter um futuro trabalhoso, porém promissor no Rubro-Negro. A missão de colocar o clube entre os melhores do país na modalidade não parece fácil uma vez que o time carioca tem desempenhado apenas um papel de coadjuvante nos campeonatos nacionais dos últimos anos. O treinador de 46 anos, entretanto, tem um aliado de peso nessa batalha. Depois de escutar várias propostas, o campeão olímpico e mundial Cesar Cielo resolveu apostar no trabalho de resgate da tradicional e campeã natação do Fla.

- Eu sempre fui um sujeito em busca de novos desafios, por isso vim para cá. Estou acreditando muito no trabalho que está sendo feito aqui. Eu conheço a Patrícia (Amorim) e a (Cristina) Callou há muitos anos. A gente fala a mesma língua, é diferente da maioria dos dirigentes. Eu nadei com elas. Então, é uma conversa diferente – disse o técnico Marco Veiga, referindo-se à presidente e à vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo.

Não foi apenas o desafio que instigou Marco Veiga a trocar o certo pelo duvidoso, já que estava atuando como um dos técnicos do Pinheiros, o melhor clube da modalidade nos últimos anos. O treinador tem uma história longa e afetiva com o Rubro-Negro. Foi lá que começou a se destacar como nadador e onde deu seus primeiros passos como técnico.

- Eu tenho uma história aqui no Flamengo, fui atleta, sou laureado. Comecei a trabalhar na natação aqui, como estagiário. E sempre tive aquele sonho de um dia ser o head coach (treinador) do Flamengo. Aquilo ficou na minha cabeça.

O cenário que encontrou quando chegou ao clube, em fevereiro, era bem diferente do que estava habituado no Pinheiros. Piscina com problemas - precisando urgente de reformas -, sala de musculação abandonada e nadadores com o moral baixo.

- Eu senti os atletas com pouca autoestima. O que eu estou tentando fazer com eles é elevar essa autoestima. Estou trabalhando bastante isso. Eles têm que ter orgulho de vestir essa camisa e precisam ter a consciência de que estão fazendo parte de um movimento de resgate dessa natação tão vitoriosa.

Trabalho focado na preparação física

Para completar o trabalho técnico e psicológico, Marco Veiga espera uma melhora estrutural. A expectativa é que a piscina seja reparada ainda este ano e, em 2011, seja reformada. A sala de musculação, destacada como essencial pelo novo treinador, é prioridade. Novos equipamentos já começaram a chegar.

- O meu programa depende muito da preparação física. Ele é diferente de muitos daqui do Brasil, mas é parecido com o que tem sido feito na Europa, com uma parte física mais funcional. Os exercícios se assemelham muito ao movimento realizado dentro d’água. Então, eu preciso dessa estrutura.

No Troféu Maria Lenk, que será realizado de 3 a 9 de maio, em Santos, ainda será difícil notar grandes progressos, segundo o próprio Marco Veiga. Com apenas 15 semanas do novo traballho e ainda desfalcado de Conrado Chede e Monique Ferreira, o treinador espera apenas que o Flamengo fique em quinto e à frente dos outros clubes cariocas.

Projeto a longo prazo

Os primeiros passos do progresso, porém, já deverão ser notados no José Finkel, no fim do ano. O técnico do Rubro-Negro acredita que esse será o tempo necessário para que a nova preparação física dos nadadores já dê respostas dentro d’água. Seguindo o cronograma, em 2011, a natação do Flamengo já terá uma equipe de alto nível.

- Quando a Patrícia me contratou, ficou bem claro que a ideia era um trabalho a longo prazo. Mas acho até que a gente está evoluindo rápido. Acredito que no ano que vem vamos estar com uma equipe bem forte. As coisas estão acontecendo como tinham de acontecer, crescendo com os pés no chão.

Pensando ainda mais para frente, Veiga espera garimpar novos talentos com a ajuda do ídolo Cesar Cielo.

- Nós temos um atleta campeão olímpico e mundial, então precisamos aproveitar isso. Nem que seja só por uma semana. Só de as crianças verem que o Cielo está nadando na mesma piscina que elas, já vai fazer diferença. A ideia é que esse tipo de situação faça crescer a quantidade de alunos e, da quantidade, saia a qualidade - finalizou.


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