sábado, 8 de maio de 2010

Brasileirão começa com abismo financeiro entre os clubes

Certa vez, em uma entrevista, o então presidente do Cruzeiro, Alvimar Perrella, me disse que com a criação do Campeonato Brasileiro por pontos corridos será cada vez mais difícil para os clubes de fora do eixo Rio-São Paulo conquistarem o título nacional por causa da concentração de receitas nestas cidades. A verdade é que o último time a quebrar essa hegemonia foi a própria Raposa, campeã em 2003. Depois disso, cinco títulos seguidos de paulistas - Santos (2004), Corinthians (2005) e São Paulo (2006, 2007 e 2008) – e um do Flamengo no ano passado.

Para o Campeonato Brasileiro que começa neste fim de semana, as diferenças financeiras entre os clubes são gigantescas. Se pegarmos o caçula Atlético Goianiense e compararmos com os campeões de receita, Corinthians e Flamengo, fica fácil explicar o quanto é complicado competir num mesmo certame com realidades tão diferentes.

O Atlético-GO vai receber de cota de televisão R$ 3,4 milhões. Somam-se a isso, R$ 350 mil de patrocínios e R$ 150 mil de material esportivo por ano. O valor total chega a R$ 3,9 milhões.

A comparação com os gigantes chega a ser bizarra. No ano do centenário, o Corinthians vai faturar mais de R$ 80 milhões, 20 vezes mais do que o pobre rubro-negro de Goiás. São R$ 21 milhões de direitos de TV, R$ 43 milhões de patrocínios e R$ 16,5 milhões de material esportivo. A conta do Flamengo bate na casa dos R$ 72 milhões. Nisso tudo, não está somado o que os clubes faturam com o pay-per-view, bilheterias e venda de jogadores.

Mas futebol é futebol. Organização, pagamentos em dia e uma observação na hora de descobrir novos talentos podem equilibrar as coisas. Esta aí o exemplo do próprio Atlético Goianiense, que eliminou na Copa do Brasil o Palmeiras, que fatura por ano em direitos de TV, patrocínio e material esportivo R$ 47,2 milhões. A sorte está lançada. Os mais ricos saem na frente, mas pode haver surpresas como as boas campanhas de Avaí e Grêmio Barueri, que agora é Prudente, em 2009.

Ranking do dinheiro no Campeonato Brasileiro

1. Corinthians R$ 80,5 milhões (R$ 21 mi – TV; R$ 43 mi – patrocínios; R$ 16,5 – material)
2. Flamengo R$ 72 milhões (R$ 21 mi – TV; R$ 30 mi – patrocínios; R$ 21 mi – material)
3. Palmeiras R$ 47,2 milhões (R$ 21 mi – TV; 17mi – patrocínios; R$ 9,2 mi – material)
4. Santos R$ 43 milhões (R$ 18 mi – TV; R$ 20 mi – patrocínios; R$ 5 mi – material)
5. vasco** R$ 42,2 milhões (R$ 21 mi – TV; 16 mi – patrocínios; R$ 5,2 mi – material)
6. São Paulo* R$ 41 milhões (R$ 21 mi – TV; 20 mi – material)
7. Cruzeiro R$ 38 milhões (R$ 15 mi – TV; 15 mi – patrocínios; 8 mi – material)
8. Atlético-MG R$ 35 milhões (R$ 15 mi – TV; R$ 14 mi – patrocínios; R$ 6 mi – material)
9. Fluminense R$ 32,5 milhões (R$ 15mi – TV; R$ 14 mi – patrocínios; R$ 3,5 mi – material)
10. Grêmio R$ 31,1 milhões (R$ 15 mi – TV; R$ 14 mi – patrocínios; R$ 2,1 mi – material)
11. Internacional R$ 26,8 milhões (R$ 15 mi – TV; R$ 9 mi – patrocínio; R$ 2,8 mi – material)
12. Botafogo* R$ 22,2 milhões (R$ 15 mi – TV; R$ 7,2 mi – material)
13. Vitória R$ 14,2 milhões (R$ 11 mi – TV; R$ 1 mi – patrocínios; R$ 2 mi – material)
14. Atlético-PR R$ 14,1 milhões (R$ 11 mi – TV; R$ 1,4 mi – patrocínios; R$ 1,7 mi – material)
15. Goiás R$ 11,75 milhões (R$ 11 mi – TV; R$ 500 mil – patrocínios; R$ 250 mil – material)
16. Atlético-GO R$ 3,9 milhões (R$ 3,4 mi – TV; R$ 350 mil – patrocínios; R$ 150 mil – material)

* São Paulo e Botafogo ainda não fecharam patrocínio fixo para a temporada. Se o Tricolor conseguir pelo menos os R$ 18 milhões do ano passado, pula para a terceira colocação com R$ 59 milhões de receita. Já o clube carioca, se conseguir igualar os R$ 9 milhões que tinha em 2009 passa a ser o décimo colocado

** Asfixiado financeiramente, o clube ainda luta para conseguir as certidões negativas de débito (CNDs) e receber a segunda parcela da estatal, no valor de R$ 7 milhões.

Obs.: Guarani, Grêmio Prudente, Ceará e Avaí não fazem parte da lista porque não divulgaram os valores de patrocínio e material esportivo.


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