sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Técnico do Fla por um jogo, Jr. Lopes se inspira no pai. Até no timbre da voz

Na estreia no Campeonato Carioca, sábado, contra o Bonsucesso, no Engenhão, Junior Lopes, 38 anos, será o treinador do Flamengo. Mesmo que apenas por uma vez, é o suficiente para dar uma massageada no ego. E testar as cordas vocais. Filho de Antônio Lopes, o auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo cresceu nos bastidores do futebol. Desde os seis anos, escutava preleções, convivia nos vestiários com nomes como Zico e Roberto Dinamite e era mascote dos times de Lopes. Nunca pensou seguir a outra profissão do pai, delegado de polícia. Nas veias e na voz - do timbre à pronúncia de algumas palavras - Junior Lopes lembra Lopes pai. E avisa: mesmo tendo passado por operação na garganta há um mês, não terá problema em gritar com Magal se for preciso, numa reedição em versão moderna dos gritos de “Maricááá” imortalizados com bom humor pelas cobranças do ex-técnico do Vasco com o lateral-direito.

- A voz dele é mais forte que a minha (risos). Mas é natural, nada forçado. Se tiver que gritar Magal, sem problemas. Estou vindo de uma cirurgia de garganta que fiz há um mês e espero ficar com a voz igual à dele, vamos ver – afirmou Junior Lopes, ao ser questionado com bom humor sobre os gritos de Lopes com o lateral-direito Maricá, no vasco.

Lopes Junior  auxiliar técnico  Vanderlei Luxemburgo  Flamengo  (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com) 
Junior Lopes faz sinal de positivo no Ninho do Urubu (Foto: Janir Junior/Globoesporte.com)

Como Vanderlei Luxemburgo está em Sucre com o grupo de 16 jogadores que faz aclimatação para a pré-Libertadores, dia 25, contra o Real Potosí, caberá a Lopes Junior comandar o time ao lado de Jaime de Almeida.

- É bem gratificante, mesmo que por um jogo só. Procuro não pensar muito nisso, o mais importante é o clube, nossa semana foi bem tranquila. Lógico que tem o lado pessoal, você para e pensa: “vou ser treinador do Flamengo”. Isso é legal para o seu ego, mas tem que deixar de lado e vivenciar o momento para dar o melhor para o clube – disse Junior Lopes, desprovido de qualquer vaidade.

Muito mais do que o timbre de voz, Antônio Lopes foi a referência do filho no futebol.

- Meu pai é minha maior escola na vida. Ainda moleque, gostava de ir à preleção. A vivência do vestiário é uma coisa muito legal. Lembro que para mim era normal conversar com Zico, Roberto (Dinamite), Bebeto, Romário. Sou um produto do meio. Mas, além do meu pai, tem o Vanderlei (Luxemburgo), Paulo Campos, Cuca, Márcio Araújo, também aprendi muito com eles – afirmou Junior Lopes.

Durante a semana, Junior Lopes orientou muito os jogadores. Gritou, mas sempre com respeito. E exigiu do grupo. Antes de ser auxiliar de Vanderlei Luxemburgo, ele já foi treinador de equipes de menor porte. E tem um extenso currículo.

- Com 18 anos, entrei na faculdade de Educação Física, segui minha vida para professor e depois treinador. Comecei a trabalhar com futebol em 96, já vou para 16 anos de carreira. Passei pelo juniores do Botafogo e Vasco, ainda como auxiliar. Fui treinador do mirim do Vasco por três anos, depois técnico do juniores do Bangu por um ano. A partir de 2000, comecei a pegar profissional, seleção brasileira sub-17 e também fui técnico do Olaria, Bangu, CSA e Iraty. As coisas estão bem legais na minha carreira. Aos poucos, a gente chega lá – destacou Lopes Junior.

E foi aos poucos que, ainda adolescente, ele pegou por conta própria um caderno, caneta, observou um time que seria adversário da equipe comandada por Antônio Lopes e rabiscou suas primeiras observações.

- Desde os seis anos já acompanhava meu pai. A primeira equipe que ele dirigiu foi o Olaria, a partir de 1980. Dali, já comecei a gostar, ir junto com ele nos treinamentos. Fui mascote do Olaria, do América, vasco, seleção do Kuwait. Minha vida sempre foi o futebol. Meu pai teve até outra profissão, que era delegado de polícia, mas eu nunca gostei. Quando tinha 14 para 15 anos comecei a direcionar para a carreira. Nos Emirados Árabes, meu pai estava trabalhando em Dubai, no Al Wasl. Do nada eu fui a um jogo, do Al Nasr, que seria o próximo adversário. O campo era bem pertinho da nossa casa, cinco minutos a pé. Fui por minha conta, sem ele pedir, observei o Al Nasr, fiz um relatório à mão, mostrei, e ele gostou. Comecei a querer ser treinador, direcionar minha vida para isso – afirmou.

Mais do que uma história das arábias é uma vida dentro do futebol. De pai para filho, a vontade de vencer corre nas veias. E na garganta. “Magaaaal” que se cuide.



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