quinta-feira, 10 de maio de 2012

Fla caminha a passos lentos para ganhar dinheiro com Ronaldinho



Ao anunciar o rompimento com a Traffic, em fevereiro, a presidente Patricia Amorim alegou que os gastos mensais de R$ 1,25 milhão com Ronaldinho Gaúcho seriam compensados com o uso da imagem do jogador. Três meses se passaram e nenhuma ação de marketing, novo produto ou participação do jogador em eventos do clube foi concretizada. Irmão e empresário do camisa 10, Roberto Assis admite que o processo é complicado; pelo lado do Rubro-Negro, o discurso segue banhado de otimismo e projeções, mas, na prática, pouca coisa acontece.

ronaldinho gaúcho flamengo   (Foto: Guito Moreto/Agência Globo)Flamengo ainda não conseguiu lucrar com Ronaldinho (Foto: Guito Moreto/Agência Globo)

- Hoje, existe um contrato entre Ronaldo e Flamengo. Há três, quatro meses que assinamos. Já tem uma série de contratos de licenciamento de produtos. Existe uma demanda grande pela marca Flamengo e Ronaldo. Para fazer as ações, precisa ter uma equipe comercial que faça venda. Depois do rompimento do Flamengo com a Traffic, voltamos à estaca zero – afirmou Assis.

No ano passado, o primeiro produto lançado foi um boneco em miniatura de Ronaldinho, que só começou a ser vendido em setembro, nove meses depois do acerto com o jogador. Até fevereiro da atual temporada, um memorando sustentava a parceria entre Flamengo e Traffic desde a chegada do camisa 10. Quando sentaram para assinar o contrato, a empresa quis renegociar questões técnicas ligadas a patrocínios, licenciamento de produtos e ao futuro programade fidelidade para o torcedor e esbarrou em resistências do clube, principalmente do departamento de marketing. Isso explica a demora para chegar a um acordo.

Com a saída da Traffic, seguem as conversas, planos no papel, mas sem produtos nas prateleiras para o torcedor nem a imagem de Ronaldinho sendo usada para expor a marca do Flamengo.

boneco ronaldinho gaucho flamengo (Foto: Divulgação / Site oficial do Flamengo)
- Teve atraso em coisas do Ronaldo. O modelo anterior era dividido em três partes: Ronaldo, a Traffic e o Flamengo para fechar qualquer tipo de parceria ou produto. Hoje, ficou mais fácil, só Flamengo e Ronaldo. Já tínhamos fechado produtos anteriores, o bonequinho está à venda, mochila, boné, toalhas. Mas não pode dizer assim: está dada a largada e o produto está no mercado. Os processos de produção e a maneira de chegar ao mercado são diferenciados – justificou o vice-presidente de marketing do Flamengo, Henrique Brandão.

A ideia do clube é, além de licenciar produtos, usar a imagem de Ronaldinho em eventos do clube.

- As coisas com o Ronaldo estão acontecendo aos poucos. Em 2011, foi um ano baseado em licenciamentos, mas muito pouco licenciamento porque o entendimento da Traffic em relação ao Flamengo era diferente do nosso em termos de valores de mercado, garantias mínimas, o que impediu que alguns produtos fossem lançados. Estamos abrindo o ano de 2012, já fizemos uma apresentação a Ronaldo e Assis de uma linha de quatro ou cinco produtos que possam explorar a imagem do Ronaldo de outra forma, pois ela não pode se limitar a produtos licenciados. É o que nós explicamos e eles entenderam. Não se fica rico com licenciamentos, é uma forma de aproximação do ídolo com a torcida. Estamos em fase de contrato para que possamos lançar – explicou o diretor de marketing rubro-negro, Marcus Duarte.

Mas toda e qualquer intenção ou ação do clube precisa do aval de Assis e Ronaldo.

- Evidentemente, eu não posso vender o Ronaldo sozinho – afirmou Henrique Brandão.

Assis destaca que o jogador fez novas parcerias com outras empresas sem a participação do Flamengo:

- O marketing do Flamengo teve de se estruturar para poder fazer o que a Traffic fazia, que era a venda de atributos. A Traffic pagava um valor mensal para negociar. Só não conseguiu porque não existia um contrato assinado. Era uma situação complexa. Na hora de falar com grandes marcas, grandes empresas, esbarrava nisso. Um contrato definitivo nunca foi assinado. Existia a parceria de receita em todos os produtos, mas ficou difícil, inviável. Como não tinha um contrato, até mesmo para o patrocínio principal não sabia se poderia contratar. Ficamos com pendências. O Ronaldo chegou a fazer ações com algumas empresas, mas o Flamengo, não.

Apesar dos passos lentos, o empresário ainda acredita que a parceria caminhe. E diz que a má fase do time e o ano eleitoral no clube prejudicam:

- Já foram assinados vários contratos, pelo menos 15 produtos devem estar na rua a partir de junho, produtos licenciados. Essa é a nossa expectativa. Só que leva um tempo de produção, de logística para colocarnos pontos de venda. Não tem como fazer isso antes de seis meses. Leva tempo, é um momento conturbado. Os resultados em campo e o processo eleitoral atrapalham.

Assis exalta contratação de R10

Ronaldinho Gaucho treino Flamengo (Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
Fora do departamento de marketing, clube e jogador divergem na questão de atrasos salariais. Enquanto 

Assis espera que Ronaldo receba cerca de R$ 5 milhões, a diretoria alega que deve R$ 2,25 milhões. Mas em conversa com a presidente Patricia Amorim as arestas foram aparadas.Assis defende a contratação do irmão por parte do Flamengo.

- Já ouvi gente dizendo que a contratação do Ronaldo foi uma aposta errada. Como foi errada se todos os clubes queriam o cara? Falar depois é fácil, tinha de falar na hora. Não é que foi sucesso ou fracasso, mas como não existia um contrato ninguém conseguia fazer nada. Ele tinha assinado um contrato de exclusividade, mas ninguém conseguia trabalhar. Foi ruim para todos.

Receita de marketing cai de 2010 para 2011

De acordo com o balanço financeiro de 2011, as receitas de marketing caíram cerca de R$ 300 mil em relação ao ano anterior, mesmo com Ronaldinho Gaúcho no elenco. A explicação é a falta de um patrocinador master.

- Em 2010, tinha a Batavo. No ano passado, só fechamos patrocinador no segundo semestre. Acho que isso explica – resumiu o vice de marketing Henrique Brandão.


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