sábado, 14 de julho de 2012

Bruno é ‘demitido’ por enviar carta pra TV



Ex-goleiro não pode mais fazer faxina na cadeia e só sairá da cela para tomar banho de sol
 
Uma carta enviada pelo ex-goleiro Bruno Fernandes a um apresentador da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais, fez o atleta ser punido pela administração da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, no mesmo estado, onde está detido há dois anos. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o jogador foi suspenso do trabalho de faxina que vinha realizando na pavilhão para tentar reduzir o tempo de cadeia.

O documento foi entregue por Bruno na quinta-feira pela manhã aos advogados Francisco Simim e Rui Pimenta. À tarde, a defesa do ex-goleiro levou a carta até o programa de TV. Em seu texto, Bruno faz referência a Deus, nega ligação com o desaparecimento de Eliza Samudio e diz que Bruninho, filho dele com a ex-amante, tem, sim, um pai.

"Te confesso, pelo ‘sangue cristão de Jesus', que nunca desejei, ordenei ou determinei a quem quer que seja o desaparecimento de Eliza Samudio! Inclusive, gostaria de acrescentar que o Bruninho tem, sim, um pai, aliás, sempre haverá esse compromisso perante a sociedade", escreveu o ex-jogador.

Em outro trecho da carta, Bruno diz que está pagando pelo crime que não cometeu e que seu "erro foi ter confiado em algumas pessoas". "Sei que estou pagando já há dois anos pelo um possível crime que não cometi, nem ordenei, e Deus é minha testemunha. O único erro da minha vida foi ter confiando em algumas pessoas", escreveu.

Caso será analisado
Segundo a secretaria, o goleiro vai passar na segunda-feira por uma Comissão Disciplinar do Complexo Prisional, órgão que analisará a suspensão ou fixará o prazo do recolhimento de Bruno a sua cela. O advogado Francisco Simin disse que vai recorrer caso a decisão na segunda seja negativa. "Bruno e nós (advogados) não fizemos nada de errado. Essa decisão da punição é injusta", frisou o defensor do goleiro.

A Seds ainda afirmou que vai notificar a Ordem dos Advogados (OAB-MG) sobre o caso. "Eles podem falar com quem quiser e vamos provar que estamos certo", desabafou Francisco Simim.

‘Foi a única forma de defesa do Bruno até hoje', diz advogado
 
A Seds informou que, a partir de agora, Bruno só poderá sair da sua cela para usufruir das duas horas diárias de banho de sol. No entanto, o ex-goleiro não ficará em cela individual.

Para o órgão, Bruno ‘cometeu um erro disciplinar ao ignorar as regras de segurança do Complexo Penitenciário Nelson Hungria e enviar, fora dos trâmites legais, uma carta ao público externo à unidade, por meio de seu advogado".

O texto da a carta não passou pelo crivo de departamento específico que registra as correspondências destinadas aos presos e aos familiares deles.

No entanto, para Francisco Simim, advogado do ex-goleiro, não houve infração, e a punição é uma arbitrariedade. "Não fizemos na ditadura. Somos advogados do Bruno e podemos levar a palavra do nosso cliente. Nada saiu da penitenciária escondido. Essa carta foi a única forma de defesa do Bruno até hoje", ressaltou Simim.


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