quarta-feira, 22 de maio de 2013

Somos todos manés: Jogo em arena de Brasília mostra que empresas podem faturar alto, mas torcedor vai pagar a conta


A primeira rodada do Brasileirão vai responder uma das dúvidas da população a respeito de como serão usadas as novas arenas espalhadas pelo país. O jogo do Santos contra o Flamengo, que aconteceria na Vila Belmiro, foi comprado pela Aoxy, uma das empresas ligadas a Wagner Abrahão, homem forte do setor de turismo, envolvido em diversos escândalos com a CBF desde os anos 90. Com ingressos variando entre R$ 160 e R$ 400, estima-se uma arrecadação mínima de R$ 7 milhões no Mané Garrincha.

Deste total, apenas R$ 800 mil vão para o Santos, considerado bom por alguns dirigentes, mas abaixo do que ganharia se tivesse participação na bilheteria. Por ser um evento-teste para a Copa das Confederações, não haverá cobrança de aluguel. Com isso, a Aoxy, empresa que assina o contrato, fica com quase todo o resto. É que a FPF também vai ter sua parte: R$ 200 mil. A assessoria, no entanto, não confirma a quantia e diz que o valor “será divulgado oportunamente no borderô da partida”. Há um mês, Marco Polo Del Nero, presidente da entidade, havia dito que abriria mão de quatro mandos do Brasileirão em prol das arenas.

Tuca Belotti é o dono da Aoxy, aberta em maio do ano passado, com sede em uma casa na Vila Leopoldina e capital social de apenas R$ 100 mil. Para o L!, negou que tenha comprado o jogo, disse que está prestando serviços para o Santos, com contrato com a Federação Brasiliense, a quem foi apresentado pela CBF. A reportagem tentou entrar em contato outras vezes com o empresário, que nunca mais atendeu ao telefone. Procurado em outra empresa de Abrahão, a secretária disse que Tuca não estava, mas pediu para deixar recado.

Empurra-empurra: ninguém assume

Desde que a venda dos ingressos da partida entre Santos e Flamengo, no Mané Garrincha, na estreia do Brasileirão, foi anunciada, as autoridades e outras partes envolvidas iniciaram um jogo de empurra-empurra, evitando passar informações sobre quem estaria por trás do lucrativo negócio em Brasília. Até agora, ninguém assumiu ou entregou a responsabilidade.

A Federação Brasiliense disse não ter conhecimento, já que sua parte no jogo é apenas “técnica”, e sugeriu procurar a CBF ou o Santos, personagens da partida.

A CBF, porém, diz que é responsável apenas por definir o calendário e pede para procurar o Santos. O Santos, que vendeu o jogo, diz que não sabe quem foi a empresa que comprou e diz que foi procurado pelo GDF que, por sua vez, diz não ter nenhum conhecimento sobre o assunto e devolve a bola para Santos e CBF. Quando localizada, a empresa a Aoxy responsabilizou a Federação Brasiliense, que voltou a falar ao LANCE! que desconhecia detalhes da partida na nova arena.

Quem é quem…
Santos
“Vendeu” o mando de jogo, e não ajudou na decisão de preço de ingresso.

Flamengo
Foi comunicado do jogo em Brasília, não participou das decisões.

CBF
Foi quem autorizou que o jogo fosse no Mané Garrincha e quem apresentou a Aoxy para a FBR e para o Santos.

GDF
É responsável pela gestão da nova arena, diz que não tem informações sobre a empresa que comprou o jogo.

FBR
Presidente da entidade diz não ter nada a ver com a partida e nunca mais atendeu às ligações do LANCE!.

FPF
Liberou o Santos para ir a Brasília, disse que abriria mão de quatro mandos, mas cobrou R$ 200 mil da Aoxy.

Aoxy
Empresa, em nome de Tuca Belotti, que fez o contrato com o Santos.
Ingresso Rápido
É a empresa escolhida para fazer a venda dos ingressos.

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