segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Caio Rangel driblou propostas do tráfico para virar promessa no Ninho do Urubu




Caio Rangel era assediado para jogar em times de traficantes
Caio Rangel era assediado para jogar em times de traficantes Foto: Guilherme Pinto
 


A família Rangel da Silva poderia ter cedido à tentação há muito tempo. Não foram poucas as ofertas feitas pelo passe do jovem Caio durante os campeonatos de pelada no Complexo do Alemão. Mas quem queria “comprar” o garoto eram os traficantes locais. Ofertas de R$ 50 por partida surgiam a toda hora. Não fosse a perseverança da mãe, Dona Nilda, e do pai, Beto, a mais nova revelação do Flamengo talvez tivesse seguido o caminho de tantos amigos, que não estão mais vivos para vê-lo brilhar com a camisa rubro-negra.

— O Caio jogava muito e sempre vinham as ofertas de ajuda para ele participar do campeonato do pessoal lá de cima — lembra Dona Nilda, referindo-se aos traficantes . — Para um garoto, R$ 50 por partida era um dinheiro bom. Mas o Beto sempre foi firme quanto a isso também.

— Ele já treinava no Flamengo. Eu sempre arrumava um jeito de dizer que não podia — emenda o pai.

O rumo vitorioso que a carreira de Caio tomou enche de orgulho a família. Para Dona Nilda, o filho é um exemplo de conduta e humildade.

— A gente sempre morou em comunidade, mas nunca passou pela minha cabeça ver meu filho virar bandido. Mesmo que ele não fosse jogador, ia estudar, fazer faculdade, ter um futuro bom — assegura a mãe.

O carinho pela comunidade continua, mas o passado no Alemão ficou para trás. Para facilitar a vida de Caio, a família se mudou para a Taquara, com a ajuda de quem Dona Nilda considera um anjo da guarda: o empresário Marcelo Bastos, da BR Foot, empresa que gerencia a carreira de Caio Rangel.

— A gente se mudou porque às vezes o Caio não podia sair para treinar ou voltar para casa por causa do tiroteio. Hoje é mais tranquilo, graças ao Marcelo também, que é um anjo nas nossas vidas. Eu e o Beto fomos o alicerce do Caio, mas o Marcelo ajudou muito. Virou um parente.

Quando faz um balanço do que já viveu, Caio tem a certeza do caminho que seguiu.

— Muitos amigos foram para o tráfico e morreram. Eu sabia que não valia a pena. Hoje estou vendo o resultado. Ouvir os pais é o segredo para sempre fazer as melhores escolhas.

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