quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Na praia, atleta do Fla FA transforma futebol americano em profissão


O ano de 2004 foi decisivo na vida de Bruno Rosa, o Sapo, jogador de futebol americano do Flamengo. No mesmo ano em que começava a praticar a modalidade, ainda na areia, o cornerback entrava na faculdade de Educação Física. Não demorou muito para que ele testasse nos companheiros de time o conteúdo que aprendia na universidade. Mal sabia ele que, naquele momento, começava a dar os primeiros passos no que se tornaria sua profissão. Foi graças ao futebol americano que surgiu sua fonte de renda atualmente: o Treino do Sapo, série de exercícios nas areias das praias de Ipanema e da Barra, que têm o esporte como base.

Um dos destaques do Flamengo Futebol Americano como cornerback e também retornando kickoffs e punts, Bruno “Sapo” estará em campo neste sábado, às 14h, quando o time rubro-negro encara o Botafogo-SP Challengers no Estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro, pelo Torneio Touchdown.

Treino do Sapo, Bruno Rosa, futebol americano (Foto: Divulgação) 
Treino do Sapo usa mini para-quedas nas corridas nas praias de Ipanema e da Barra (Foto: Divulgação)

- Durante a faculdade, eu, já jogador do Red Lions (time de futebol americano de praia), usava o pessoal como cobaia do que aprendia na sala de aula. Após voltar dos Estados Unidos, onde fui fazer mestrado, estava sem emprego e a moda dos treinos funcionais em praias estava começando a bombar. Dois amigos meus, da época de Red Lions, faziam e achavam que o meu, de três anos antes, era melhor. Daí tirei a ideia do papel em julho de 2010 - contou Bruno.

Bruno Rosa treino do Sapo futebol Americano flamengo (Foto: Carolina Oliveira / Divulgação)Em uma modalidade que ainda dá os primeiros passos na busca pela profissionalização, Sapo já consegue fazer do esporte seu ganha-pão. Foi isso que lhe deu a oportunidade de seguir no Flamengo, mesmo com uma proposta para atuar na recém-fundada Liga de Futebol Americano, que terá salários para os atletas.

- Fazer do futebol americano meu "ganha pão", mesmo que indiretamente, é uma realização. Por muitas vezes fui menosprezado e mal compreendido por coordenadores de lugares que trabalhava ao explicar que teria de chegar atrasado ou faltar por conta do esporte. Era no mínimo esquisito viver dois mundos, um sério em que eu era o Bruno Rosa estagiário, e o da "pelada de fim de semana" do futebol americano, onde eu era o Sapo, reconhecido. Unir os dois mundos foi uma realização e uma resposta silenciosa a quem não achava que era sério o que eu fazia e faço – afirmou Sapo.

Apesar da maior parte dos cerca de 50 alunos atuais serem mulheres, os exercícios do Treino do Sapo são inspirados no futebol americano. Os movimentos, o número de repetições, o intervalo entre cada atividade, tudo é pensado de acordo com o que acontece em uma partida do esporte.

- É tudo baseado no futebol americano, só não tem a bola. Elas não sabem disso, mas se as colocasse em campo, estariam mais bem preparadas do que muito jogador – explica.


Treino do Sapo, Bruno Rosa, futebol americano (Foto: Divulgação) 
Treino do Sapo é baseado no futebol americano, mas faz sucesso entre as mulheres (Foto: Divulgação)

Não é só a inspiração dos exercícios que faz o futebol americano ser fundamental para o Treino do Sapo. Por ter surgido entre os praticantes da modalidade, foi graças aos jogadores que a atividade ficou conhecida e ganhou adeptos.

- O Red Lions sobrava na parte física, então o pessoal já me conhecia como jogador e estava me conhecendo com treinador. A galera que vinha também estava começando a se destacar no futebol americano. O pessoal vinha para cá, dava resultado, e aí várias meninas do futebol americano também passaram a vir. Começou a difundir assim. Um veio, trouxe a namorada. Ela gostou, trouxe uma amiga. Grande parte do marketing é com o pessoal, que vai falando um para o outro – destacou o jogador.
Samuel, Ramon e Vinny, da seleção brasileira de futebol americano (Foto: Arquivo Pessoal)
O Treino do Sapo ainda pode ir além, já que Bruno tem licença para dar escolinha de futebol americano na praia. Acredita que, em um futuro breve, parte do seu trabalho também será ensinar crianças a jogar o esporte que o conquistou.

- Acho que, com a inclusão dos grandes clubes no esporte, ser professor de futebol americano não vai demorar muito. As crianças veem o Flamengo treinando na Gávea, por exemplo, e ficam curiosas. Pela globalização e facilidade de informação, já conhecem até os times da NFL e querem fazer igual, precisando assim de alguém que as oriente nos fundamentos para que no futuro possam jogar por algum time. Nesse aspecto, acho que eu e outros profissionais que desde cedo levaram a sério o futebol americano estamos na frente e seremos referências.

Samuel, Ramon e Vinny, da seleção de FA, fazem 'propaganda' do treino (Foto: Arquivo Pessoal)

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