terça-feira, 1 de outubro de 2013

Conselho Deliberativo aprova acordo do Flamengo para jogar no Maraca até 2016


Maracanã torcida Flamengo x Santos (Foto: Janir Junior)
O Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou na noite desta terça-feira a assinatura do contrato entre o clube e a concessionária do Maracanã para jogar no estádio até 2016. Segundo o novo acordo, o Flamengo, que antes recebia metade da receita de todos os jogos e reclamava do alto custo do estádio, agora tem direito a fatias maiores conforme o volume da renda da partida. Quanto maior a receita, maior a parcela que cabe ao clube, evitando assim que o custo de atuar no Maracanã em jogos de grande receita seja alto demais. Os percentuais da renda variam entre 50% (até R$ 500 mil) e 72% (para o caso de bilheteria acima de R$ 2 milhões). Também foi incluída, após proposta do Conselho de Grandes Beneméritos, uma cláusula em que a Odebrecht deverá fazer um estudo de viabilidade para um estádio na Gávea até o fim de 2014 e executar o projeto, se o mesmo for viável. Ou seja, se o clube conseguir as licenças necessárias. O Deliberativo aprovou ainda os projetos para captação de recursos através de leis de incentivo para os esportes olímpicos e o centro de treinamento em Vargem Grande.

O acordo prevê que o Flamengo tem liberdade para disputar 10 jogos por ano fora do Rio, desde que não sejam decisivos ou sejam do Campeonato Carioca. Além disso, a despesa operacional para cada uma das partes, proporcional ao percentual da renda, será de R$ 10 por pagante, conforme anunciado no borderô, até um limite de R$ 300 mil. Acima desse valor, a concessionária passa a arcar com todos os custos.

Nesta terça-feira, surgiram informações de que a concessionária do Maracanã chegou a tentar uma renegociação de alguns termos, incluindo a planilha da partilha da renda. Queria fatias maiores. O clube bateu o pé, a concessionária não gostou, mas o documento foi ao Deliberativo da forma como foi colocado para apreciação dos conselheiros. A assessoria do Flamengo desmentiu a informação.

Entre os dados divulgados no Deliberativo, foi dito que o Flamengo ficará com 50% dos camarotes do Maracanã. A venda deverá poder ser feita jogo a jogo ou anualmente. Ainda foram colocadas pequenas alterações impostas pela comissão jurídica do Deliberativo e pelo Conselho Fiscal. Entre as mudanças, a rescisão contratual a qualquer momento sem multa e um item especificando que o Flamengo tem o direito de acompanhar os custos da operação do estádio.  Está especificada também a necessidade de aprovação dos conselhos para pedidos de adiantamento de receita. Circula na Gávea a informação de que o clube deverá pedir em breve R$ 30 milhões (mais R$ 10 milhões de empréstimo de um banco) para cobrir o buraco no orçamento até o fim do ano, mas não há confirmação oficial.

Bandeira de Mello frisa que acordo não é definitivo

Questionado sobre a cláusula a respeito do investimento em uma arena da Gávea, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, explicou que o acordo foi somente para continuar analisando o tema:

- Era um anseio de muitos dos sócios do Flamengo, de conselheiros, de ter uma arena, um investimento aqui na Gávea. Isso já desde o início das negociações está planejado ser incluído. Mas como não estamos ainda na fase definitiva de acerto com a concessionária, isso é uma fase dois, uma fase intermediária, então nesse momento ainda não foi colocado. Introduzimos uma cláusula de melhores esforços, vamos dizer assim, em que as partes combinam que vão continuar estudando o assunto.

O presidente não se furtou a comentar a possibilidade de buscar adiantamento de receitas de jogos:

- Podemos usar, se for do interesse do clube. Agora, qualquer adiantamento ou empréstimo vai ter de ser aprovado dentro do conselho competente, como qualquer outro adiantamento. Tem de ser submetido.

Ao responder sobre a satisfação com os novos números, Bandeira de Mello mostrou uma postura moderada:

- Melhoraram em relação ao acordo anterior, mas como falei é um contrato intermediário, não definitivo. Quem sabe pode vir a melhorar ainda mais, mas por enquanto temos de respeitar o que estamos assinando agora. Existe a possibilidade de rescisão sem multa a qualquer momento para qualquer um dos lados.

Ex-presidente Marcio Braga reclama de falta de tempo para apreciação

Pouco antes do horário marcado para o início das atividades no Deliberativo, o ex-presidente Marcio Braga afirmou ser contra a assinatura nos termos iniciais do contrato. A bronca era com a ausência de uma cláusula que contemplasse a construção de um estádio na Gávea, projeto antigo no clube que nunca saiu do papel.

- Ontem (segunda-feira), o Conselho de Grandes Beneméritos do Flamengo se reuniu e eu fiz uma exposição do que eu acho dessa operação, dessa proposta de contrato de três anos. O conselho concordou comigo por unanimidade que o Flamengo não pode assinar nada que não garanta a ele a construção do seu estádio na Gávea. Eles inicialmente fizeram um contrato para alguns jogos, depois para 30 dias, depois três meses, agora três anos, eles estão avançando sempre no sentido de validar a concessão do Maracanã. Porque sem o Flamengo eles não consolidam a posição. O único cacife que o Flamengo tem é exatamente o mando de campo. Enquanto o Flamengo não negociar o seu mando de campo, eles não têm certeza de nenhuma negociação que possa prosperar no Maracanã. A luta de braço é essa - disse Marcio, que conseguiu ao menos o estudo de viabilidade na redação final do contrato.

O ex-presidente, que na eleição do ano passado apoiou a Chapa Azul, ainda contestou o curto prazo para análise dos documentos pelos conselheiros. 

- Eu até achava na semana passada, quando colocaram isso na quinta-feira para ser apreciado e votado na terça-feira, que era um pouco açodado. Não dá para formar opinião em três ou quatro dias de um negócio que é de altíssimo interesse do Flamengo. Mas essa ideia de dar mais uns 10 dias para discussão não prosperou.

Questionado sobre as muitas vezes em que o Flamengo tentou a licença para construir o estádio, em diferentes tamanhos, na Gávea, Braga afirmou que o clube chegou a ter o documento em mãos, mas esbarrou no veto do governador Sérgio Cabral.

- Não, você está enganado. Tivemos o estádio na Gávea aprovado com licença de obras concedida pela Prefeitura no meu mandato. Tínhamos a licença de obra. Aí o Sérgio Cabral é que vetou, ele que tirou a licença, estava tudo aprovado na Prefeitura. Veio o governo do Estado e vetou para nos colocar participando da licitação do Maracanã. Esse foi o argumento. Tivemos de aceitar, ganharíamos a licitação e chega na hora, ele faz a licitação proibindo a participação dos clubes. O governador não honrou a sua palavra.


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