quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Com tapete vermelho, flores e dança, Hernane broca em pelada na Bahia


Header FÉRIAS DO BROCADOR (Foto: Infoesporte)


Um brocador recebido como príncipe em seu primeiro palco. Como virou hábito nos últimos anos, Hernane entrou em campo pela última vez na temporada no estádio Benjamin Farah, em Bom Jesus da Lapa, onde nasceu. Nunca, no entanto, foi como na noite de quarta-feira. Ídolo do Flamengo, o atacante já tinha parado a cidade em passeata na parte da tarde e completou o reencontro com os conterrâneos com festa regada a tapete vermelho, buquê de flores, homenagens, dança, muito assédio e, obviamente, gol. Sim, na volta para casa ele brocou!

A pelada reunia amigos de infância de Hernane e dois convidados ilustres: Luiz Antonio, companheiro de Flamengo, e Régis, jovem que pertence ao São Paulo e defendeu o América-RN na última Série B. E o trio fez a diferença. Com dois gols do volante rubro-negro, um do são-paulino e o que foi marcado pelo próprio Brocador o time que defendiam venceu por 4 a 3. O que aconteceu em campo, entretanto, foi apenas um detalhe do evento que deveria durar pouco mais de 90 minutos e só acabou depois de quase três horas.

Mosaico Pelada Hernane 01 (Foto: Cahê Mota) 
(Fotos: Cahê Mota)

Com todos os três mil ingressos vendidos, os lapenses deram um jeito de ver o ídolo. Fosse invadindo o estádio, subindo no muro ou até mesmo esperando do lado de fora, o que importava era ao menos olhar o Brocador. E foram raríssimos os momentos em que o atacante conseguiu ter liberdade. Ainda no vestiário, os pedidos de fotos foram inúmeros e foi necessária escolta policial para entrar no gramado.

Ovacionado, Hernane foi surpreendido por um tapete vermelho e desfilou para o delírio dos torcedores. Nas arquibancadas, puxados pelo responsável pelo sistema de som, o público gritava: “O Brocador voltou! O Brocador voltou!”. Em seguida, duas crianças o presentearam com flores e uma placa de agradecimento por levar o nome de Bom Jesus da Lapa por todo o Brasil.

 Quando a bola ia rolar, mais festa. A dupla Amando e César entrou em campo para cantar um música composta especialmente para o Brocador, com direito a coreografia no refrão e tudo. Praticamente carregado, Hernane dançou de frente para o alambrado e levou o público ao delírio. A celebração já tinha quase meia hora, e dos jogadores somente o atacante, Luiz Antonio e Régis estavam em campo. Até que os outros 19 jogadores surgiram com uma novidade: todos vestiam a camisa 9.

Com bola rolando, o que se viu foi um Hernane sorridente e fazendo questão de se divertir a cada lance. O jogador objetivo do Flamengo deu lugar a um até habilidoso, com bonitos dribles e uma caneta (bola entre as pernas) desconcertante no amigo Taj. Diante da primeira oportunidade, no entanto, fez o gol. E o lance pareceu bastante com o segundo da goleada por 4 a 0 sobre o Botafogo na Copa do Brasil. Após tentar passe, a bola sobrou do goleiro na entrada da área e o jogador brocou de primeira, de canhota.

O jogo transcorreu em clima divertido até que de repente o foco passou a ser a linha lateral. De surpresa, Hernane deixou a partida e deu uma volta olímpica para atender e tirar fotos com os torcedores. Uma volta que durou bastante, quase uma maratona, e acabou antes do fim com uma invasão coletiva em campo. Calmo e solícito, o Brocador atendeu a maioria dos fãs, apesar do desconforto evidente com o empurra-empurra.

A situação fez com que o intervalo durasse uma hora e Hernane tivesse que se refugiar no vestiário. Um esquema especial de segurança teve que ser organizado, e o Brocador voltou soltinho para campo. Mais canetas, pedaladas, toques de cobertura e muitos sorrisos marcaram a atuação no segundo tempo, que terminou com o gol decisivo de Luiz Antonio de cabeça, após cruzamento de Régis. O apito final, naturalmente, só fez a bola parar. O alvoroço estava longe de acabar.

Hernane encarou nova maratona de fotos e autógrafos, até que foi escoltado com direito a escudo e tudo por policiais para o vestiário. Enfim, sossegado? Nada disso. Foi a vez dos policiais fazerem fila e invadirem o local para fotos e autógrafos. Emocionada, uma PM resumiu o que parecia ser o sentimento de todos ali:

- Rezei muito por você. Muito mesmo. Que Bom Jesus te abençoe e obrigado por vir aqui. Nós estávamos esperando por esse momento.

 A paciência de Hernane vem muito até da surpresa pelo carinho recebido. Se a pelada de fim de ano é uma tradição, nunca teve a proporção dessa vez.

- Com certeza foi mais do que esperava. Ano passado, foi um pouco menos do que isso. Não tinha conquistado um título maravilhoso como a Copa do Brasil. Este ano, foi abençoado. Artilheiro do ano, campeão, artilheiro do Carioca... Sem dúvidas, foi o melhor ano da minha carreira e agora é descansar, aproveitar a família. Vale qualquer sacrifício. Sei que todos querem tirar uma foto, pegar um autógrafo e tento agradar a todos. Infelizmente, não consegui, mas sei que o empurra-empurra é porque o pessoal é apaixonado pelo Flamengo, apaixonado pelo Hernane.

Hernane se divertiu ainda com a homenagem diferente de entrar em campo com tapete vermelho. Sorridente, brincou ao ser chamado de príncipe de Bom Jesus da Lapa e vibrou mais um gol marcado na temporada. Agora, são 37 (foram 36 em jogos oficiais).

- Foi um lance que eu não sabia que ia acontecer e graças a Deus fui muito bem recebido. Fico feliz por essa homenagem e só tenho que retribuir. Fiz mais um golzinho, terminei o ano bem (risos).

Com mais um gol na conta e satisfeito pelo carinho do torcedor, Hernane conseguiu terminar a noite “livre”. E acabou a festa pulando na piscina e brincando com boias com Luiz Antonio e Régis. Afinal, em algum momento as férias deviam ter minutos de lazer.

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