domingo, 3 de agosto de 2014

Em busca de nova chance, Jayme deixa mágoa para trás e admite: ‘Voltaria para o Flamengo’



Treinador diz que quer voltar logo ao futebolA fala mansa e o caminhar tranquilo ainda são os mesmos. Pouca coisa mudou na vida de Jayme de Almeida desde que saiu do Flamengo, há quase três meses. Até mesmo a mágoa pela forma como sua demissão foi anunciada já ficou pelo caminho. De lá para cá, só uma coisa se fortaleceu com o tempo: a vontade de trabalhar. Sem muitas chances em clubes de ponta, o treinador de 61 anos segue em busca de uma oportunidade para fazer aquilo que mais gosta: comandar um time de futebol.

— Se eu tivesse recebido alguma proposta oficial, já estaria trabalhando. Houve conversas que não foram para frente — contou ele, revelando que o papo foi com uma equipe da Série A do Brasileirão. A vontade de retomar sua carreira é tão grande que as rusgas do passado foram esquecidas. 

Identificado com o Fla pelos quase 40 anos de casa, entre idas e vindas (passou como técnico por Desportiva Ferroviária-ES e Iraty-PR) como jogador e funcionário, Jayme não descarta voltar um dia, mesmo que não tenha sido chamado para trabalhar com o amigo Luxemburgo.

— O que passou, passou. Não tenho nada a reclamar. É um clube que me deu chances e me colocou na vitrine. Nunca fechei uma porta na minha vida. Por onde passei, saí pela porta da frente. Se tiver que voltar, vou entrar por ela.

Confira outros trechos da entrevista:

Saída polêmica do Flamengo
O que me machucou foi a forma como eu fui avisado de que estava sendo demitido. Eu soube pela imprensa e isso me deixou chateado. Infelizmente, a cultura do futebol brasileiro é essa, de trocar treinadores o tempo todo. Mas faz parte. Já passou. Na minha vida, nunca guardei mágoas de nada. Isso não leva ninguém a lugar nenhum. Tenho que seguir meu caminho, estou feliz. Tenho orgulho do que fiz pelo clube. Não é fácil conquistar o que conquistei. Tenho também que agradecer pela oportunidade.



Técnico diz que não guarda mágoas do Flamengo
Técnico diz que não guarda mágoas do Flamengo Foto: Pedro Teixeira/Extra
Tempo longe do futebol
Espero que isso não me prejudique. Por tudo o que fiz e mostrei, tenho respaldo para trabalhar em qualquer time. Mas, claro, esse tempo longe pode, sim, de afastar do mercado. Mas, acredito no meu trabalho e tenho certeza de que logo vou voltar a trabalhar. Não sei explicar a falta de chances em clubes grandes. É preciso saber das pessoas que estão no comando dessas equipes. Estou tranquilo, porque sei que o meu papel eu cumpri. As oportunidades vão voltar a aparecer.

Preconceito com técnicos negros
Existe da mesma forma que acontece no mercado de trabalho em qualquer lugar, não é só no futebol. Infelizmente, por causa da cultura do nosso país. A classe negra sempre recebeu poucas oportunidades por vir da época da escravidão e nunca teve condições de ascender socialmente. Aos poucos, isso está acontecendo naturalmente. Daqui a pouco, outros chegarão e vão ganhar espaço no futebol. Só mesmo com educação para mudar isso. 

Rotina e assédio da torcida
A repercussão da minha saída do Flamengo, a minha conduta dentro e os resultados que consegui fazem com que os torcedores me tratem com muito carinho. Isso me deixa feliz por saber que eu fiz um grande trabalho. Até hoje, aonde eu vou, recebo carinho do pessoal. Isso me enche de orgulho. Faço caminhadas na praia, gosto muito de ler. Tenho levado uma vida muito tranquila, sem agitação. E, claro, acompanho muito futebol. Vejo todos os jogos. É o meu dever de casa.

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Futebol brasileiro após a Copa
As seleções mostraram uma postura de muito profissionalismo. No Brasil, ainda falta um pouco isso. Lá, há muito comprometimento com o que precisam fazer em campo. Hoje, a Alemanha tem um futebol muito mais bonito que o nosso. A gente perdeu isso durante o tempo. Nosso futebol está muito pesado, de força. Nunca foi assim. Perdemos a técnica. A volta do Dunga me pegou de surpresa, eu não esperava realmente.



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