domingo, 22 de março de 2015

Zé Ricardo muda o cenário do sub-20 do Flamengo e recusa até convite da Seleção



Quando Zé Ricardo assumiu o sub-20 do Flamengo, a equipe estava desacreditada. Havia perdido por 7 a 0 para o Fluminense no Campeonato Carioca, ficou de fora das duas decisões de turno em 2014 e sofria críticas de todos os lados por não revelar jogadores para os profissionais. Três meses depois dele assumir, o cenário é outro.

Sob o comando dele, o Flamengo disputou 23 partidas. Perdeu apenas uma, para o Atlético-PR, pelo Brasileiro Sub-20. Conquistou a Taça Octávio Pinto Guimarães ao vencer o Botafogo na final, está há 17 jogos invicto e impressiona pela consistência tática, armado no 4-1-4-1. O técnico explica a razão da escolha:

- No 4-1-4-1, há como variar taticamente para o 4-4-2, ou para o 4-2-3-1 com facilidade, sem precisar mudar as peças de jogo. O entendimento é fácil para os atletas. Acho que é o futuro. Você vê lá fora meio-campistas que começaram a jogar mais à frente, porque os espaços reduziram muito e é fundamental haver qualidade no meio.   

Zé Ricardo, 44 anos, tentou a carreira de jogador como zagueiro do Olaria e do São Cristóvão. Parou nos juniores, foi jogador de futsal até os 25 anos e teve a oportunidade de treinar o Vila Isabel, time tradicional de futsal do Rio de Janeiro, aos 21 anos. Em 1998, foi para o Flamengo, levado por Anderson Barros. Ficou por anos no futsal do Flamengo e migrou para o campo em 2005, para assumir o mirim. Saiu em 2008, passou três anos no Audax-RJ e voltou em 2012, para comandar o sub-15. Em novembro de 2014, assumiu o sub-20.

Além da questão tática, Zé Ricardo é conhecido também por ter um perfil educador. Professor da rede municipal de ensino e ex-técnico do time sub-15 (a geração 2000 do clube, que não perde desde 2011), ele faz questão sempre de pedir para seu time respeitar o adversário, mesmo quando está goleando. Foi assim no 5 a 0 contra o Corinthians, na final da Copa Amizade Sub-15 em 2014.

- A melhor maneira de você respeitar o adversário é jogar sempre sério. Há um colega do outro lado, e jogadores que amanhã podem estar aqui. Então é fundamental que sempre haja essa conduta - explica.

O trabalho foi recompensado com um convite para treinar a Seleção sub-15, recebido no início do mês e recusado.

- Foram as 48 horas mais difíceis da minha carreira profissional. Não é nenhum demérito à categoria sub-15, até porque é e continua sendo um sonho. Mas pela confiança que o Flamengo me deu, e a percepção de que o clube evolui em todos os setores, decidi ficar. Foi uma escolha complicada, e eu decidi com meu coração - conta.

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