sexta-feira, 10 de abril de 2015

Por que público e renda do Estadual do Rio aumentaram 75% em 2015



Flamengo x Fluminense em protesto contra a Ferj

Ao término da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca, público e renda do Estadual aumentaram 75% entre 2014 e 2015. A receita bruta de todas as 120 partidas passou de R$ 8,8 milhões para R$ 15,3 milhões, e o público total, de 325 mil torcedores, pagantes e não pagantes, para 569 mil. Números que parecem favorecer a Ferj numa temporada de brigas públicas constantes entre dirigentes da federação, dos clubes e do Maracanã, mas que precisam de mais de detalhe antes de tirar conclusões.

A federação publicou sete vezes a mesma notícia, com atualizações rodada a rodada, durante a primeira fase do Estadual: “Números ratificam decisão acertada do Conselho Arbitral”. A entidade sugere que a redução e o tabelamento dos preços nesta temporada fizeram público e renda aumentar. Só não informa que o preço do ingresso caiu R$ 2,76 em média entre um ano e outro. O tíquete médio do Campeonato Carioca (receita bruta dividida por número de pagantes) diminuiu de R$ 21,43 para R$ 18,67. A redução, percentualmente, foi de 13%. É pouco para creditar todo o crescimento de público ao ingresso mais barato.


Outros fatores ajudam a explicar os aumentos no Estadual do Rio de Janeiro. O Engenhão, interditado em 2014, teve média de 6.966 torcedores por jogo em 2015 e puxou a média geral para cima. São Januário, com média de 7.426, 68% acima de 2014, também elevou o público do campeonato.

E houve, principalmente, acréscimos consideráveis nos números do Maracanã, que responde por metade do público e da renda no Carioca. A média de torcedores presentes no estádio subiu 70%, de 12.480 para 21.194, entre 2014 e 2015. São números que puxam a média do campeonato, usada pela Ferj para justificar a intervenção nos preços, muito para cima. Nesta temporada, a média do Estadual com o Maracanã é de 4.748, e a média sem o Maracanã é de 2.576. Já em termos de renda o Maracanã gerou R$ 10,3 milhões, enquanto todos os outros estádios somados deram R$ 4,9 milhões. O personagem que a Ferj (e o Vasco de Eurico Miranda) decidiram atacar é justamente quem atrai mais gente e dinheiro.

Público e renda do Carioca aumentaram 75% cada um de 2014 para 2015. Fato. Mas é incorreto ver causa e efeito entre esses números e o tabelamento dos preços de ingressos, como quer pintar a Ferj, sem estudar e mostrar mais números. Há, no máximo, correlação entre duas variáveis. Até porque não só o preço da entrada influencia no público – contam estádio, acessibilidade, dia, horário, fase da competição, clima, atletas em campo, momentos de grandes clubes (e de seus adversários) na competição etc.

Em tempo: este levantamento considera números dos boletins financeiros das partidas, publicados pela Ferj, que neste ano contaram com um "doping estatístico". O artigo 11 do regulamento da competição permite que, em jogos menores, 25% da capacidade do estádio estipulada pelo Corpo de Bombeiros sejam lançados como ingressos utilizados. A reportagem do globoesporte.com contou menos pessoas nos estádios do que indicavam os borderôs em algumas partidas nesta temporada. Desconfie dos dados.

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