sexta-feira, 20 de abril de 2018

O moderno e o antigo: Reinier, um camisa 10 cheio de qualidades





A primeira vez em que Reinier apareceu no cenário nacional da base com destaque real foi em 2017, na Copa Votorantim Sub-15. No Flamengo campeão do torneio, as atenções se voltavam para Lázaro, autor do gol do título e da vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras na decisão. Antes da bola rolar, sim. Mas ali, o camisa 10 que veio de Brasília e já defendeu os quatro grandes do Rio começou a crescer. E aparecer até brilhar em Dubai, com nove gols e oito assistências em cinco jogos.


O crescimento não foi nem tanto físico, pois já media mais de 1,80m. Nem tecnicamente, porque sempre mostrou muita categoria. Mas o menino, então com 14 anos, começava a entrar no curso intensivo para virar gente grande. Intensivo, intenso, intensidade. Talvez essa seja a palavra chave para definir o motivo real desse crescimento sem dores.

Depois de Votorantim, veio o Campeonato Carioca Sub-15, e a artilharia do torneio com 25 gols, mesmo não sendo um centroavante. O Fla foi vice-campeão, perdendo para o Fluminense na final. Veio também o vice-campeonato da Copa Brasil-Japão, com direito a golaços de falta. A qualidade de Reinier já saltava aos olhos, e a 10 da seleção sub-15, após várias convocações, foi consequência natural.

No Sul-Americano, mais coisas boas. O Brasil foi vice-campeão, perdendo a final para a Argentina. Mas Reinier saiu, mais uma vez, muito bem avaliado do torneio. Recentemente, na França, disputou um torneio amistoso contra Rússia, Inglaterra e Portugal. Muitas pessoas que o viram in loco afirmam que se trata do melhor jogador sub-16 do mundo, com a concorrência do meia português Fasana, e de Fábio Carvalho, também meio-campista e também português naturalizado inglês.

O estilo de jogo de Reinier remete, naturalmente, a comparações. As mais frequentes são com Kaká, último brasileiro a ser eleito o melhor do mundo, em 2007, pelo porte físico e pelas arrancadas. Outros o comparam com Renato Augusto, cria da base rubro-negra, pela força, altura e velocidade. Há quem diga que ele seja ainda mais criativo do que os dois, pelo repertório de toques rápidos (alguns deles de calcanhar que exibe. Em campo, as qualidades vistas realmente são muitas. E vão desde as mais pedidas aos camisas 10 modernos, como pisar na área e fazer gols, até as de um 10 à moda antiga, como a visão de jogo, as tabelas em aproximação e um bom repertório de toques de calcanhar.

Força, competitividade e precisão nos passes são outras. O chute ainda precisa ser lapidado, apesar da quantidade de gols. Um ajuste fino que às vezes separa os grandes jogadores dos craques. A intensidade em campo, elogiada pelos comandantes, segue firme. E não são raros os comentários no Brasil de que, pela postura demonstrada, é um jogador com qualidade acima de categoria. No primeiro ano de juvenil, já é titular absoluto e dono da camisa 10 da equipe, embora ainda não tenha entrado no Estadual Sub-17, devido aos compromissos com a seleção e em Dubai.

O caminho a percorrer para chegar ao sucesso como profissional, no entanto, é longo, e cheio de armadilhas, que vão das lesões até as facilidades que a profissão de jogador oferece, e que podem tirar o foco. E embora Reinier pareça diferente até nesse sentido, a prudência sempre manda esperar um pouco antes de fazer qualquer tipo de oba oba em cima e deixar que ele conte sua própria história dentro das quatro linhas do jeito que melhor sabe: com os pés.

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